1) Marcinho, reerguer um gigante não é nada fácil. Hoje o Palmeiras esta na série B novamente. Você já cumpriu a missão de reergue-lo , como foi essa experiência?
M: Foi uma experiência nova, eu era um jogador conhecido em Santa Catarina, onde atuava pelo Figueirense, cheguei no Palmeiras e o clube estava numa situação complicada, tinha acabado de ser rebaixado, pra mim também foi complicado, recém chegado de Floripa, jogando em um clube grande, numa cidade grande e com o assédio da imprensa, mas logo me acostumei. O Palmeiras estava montando um time com jogadores pouco conhecidos, como por exemplo eu, tinha o Vágner Love que havia subido da base, o Edmílson (atacante) também já estava por lá, eram bons nomes, foi uma experiência boa que deu certo.
2) Hoje o Palmeiras vem passando por uma grande
reformulação. Quais as diferenças do Palmeiras de 2003 para o Palmeiras de
2013? M: Na época ,o Palmeiras era dirigido pelo presidente
Mustafá Contursi, ele era bem conhecido, mas a torcida o cobrava por reforços de nome, e na verdade não foi bem
isso o que aconteceu, eu fui contratado, subiram o Vágner Love para o time
principal, trouxeram o Alessandro, que
atualmente esta no Corinthians, contrataram o Adãozinho também, o presidente
foi muito criticado pela torcida por conta disso. A situação de 2003 é parecida
com a de hoje, a diretoria foi responsável pelo rebaixamento, muitas coisas que
acontecem no ambiente interno do clube atrapalham tudo. Mustafá e Tirone não
estão a altura do Palmeiras, o Palmeiras é um clube grande, com 18 milhões de
torcedores, e os dois presidentes não corresponderam a grandeza do clube.
3) Atualmente, você defende as cores do Ituano/SP, quais
são os objetivos do time para a temporada 2013?
M: A equipe do Ituano é pequena, mas é muito
organizada, a cidade é bacana e eu estou muito feliz no clube, nosso principal
objetivo é manter o clube na primeira divisão do Paulista e somar 21 pontos
rapidamente, depois pensaremos no G8,por enquanto o clube não tem calendário
para o resto do ano, se conseguirmos chegar no G8,nos explicaram que nós
conseguiremos uma vaga na série D, lutaremos até o fim para isso. O Ituano nos
da estrutura e nos paga em dia, seria uma pena se o clube fechasse as
portas o resto da temporada, mas o foco agora é não cair para série A-2.
4) Marcinho, você atuou no Santos, time conhecido por
revelar grandes nomes do futebol. Como foi trabalhar com essas jovens
promessas? e como é enfrentar Neymar?
M: Primeiramente, o Santos é uma grande equipe com uma
grande estrutura, joguei lá durante 6 meses, disputei o Campeonato Paulista e a
Taça Libertadores, nessa época, Neymar não fazia parte do elenco principal, mas
sempre ouvi falar muito bem dele, todos diziam ele iria estourar no futebol,
seu salário para um jovem da base era alto, o Santos apostou muito nesse
menino, sem dúvida, hoje ele é o melhor jogador do Brasil e tem tudo para ser o
melhor do mundo. Esse negócio de
falarem que ele se joga é algo a ser corrigido, e que vem com a maturidade,
quando ele for jogar fora do Brasil vai perceber que lá o jogo é rápido e
pegado, e que os árbitros não marcam muitas faltas ,ele pode ter dificuldades
com isso, mas sem dúvida é um grande jogador, tive a chance de enfrentá-lo 3
vezes e é difícil de parar o menino . No Santos também conheci P.H Ganso, antes
de eu assinar o contrato, fui para o Santos tratar uma lesão no Sepras , na
época o Filé trabalhava lá, durante esse período conheci o Ganso. Corri no
gramado várias vezes com ele , na época ele já apresentava problemas de
ligamento no joelho, não lembro exatamente se nessa época ele já tratava o seu
segundo problema no joelho, esse problema que ele tem já vem de tempos atrás, o
Santos também cuidou muito bem dele. O Santos tem uma estrutura maravilhosa que
sempre forma grandes jogadores, como Robinho e Diego, e agora esta formando
esses meninos.
5) Você jogou em clubes grandes e rivais(Palmeiras ,Santos, Avaí e
Figueirense),como foi essa experiência?
M:Foi uma experiência muito boa, quando eu jogava no
Figueirense, o Avaí ainda não era bem estruturado e nunca perdi pra eles,
depois eu tive o privilégio de jogar no Avaí, e perdi uma única vez para o
Figueirense, dos 5 campeonatos catarinenses que eu disputei, ganhei 2 pelo
Figueira e 2 pelo Avaí. Clássico é clássico, sempre entrava com uma motivação
maior, como por exemplo, num clássico Palmeiras x Corinthians, sempre dou o
melhor pra ganhar.
6) Você também atuou por um tempo no futebol da Europa.
Como você vê o futebol brasileiro comparado ao europeu?
M: O futebol europeu é realmente diferente, joguei na
Ucrânia que é um país afastado, que não se fala muito,mas é um futebol de muita marcação. Também atuei no
futebol espanhol, pela equipe do Real Múrcia, time que oscila entre a primeira
e a segunda divisão, na primeira divisão o futebol é muito rápido, quando
voltei ao Brasil, achei que o futebol daqui estava muito parado, mas na verdade
, o sistema de jogo de lá que é muito rápido. Já na segunda divisão o futebol é
de muita marcação.
7) Qual foi o momento mais feliz da sua carreira?
M: Sem dúvida foi no Palmeiras, jogar no Palmeiras era um sonho que
graças a Deus se realizou, na época em que atuava pelo Figueirense, eu estava
sendo observado pelo Palmeiras, eu tinha um jogo contra o Corinthians, pelo
brasileirão de 2002, se eu jogasse bem estaria de malas prontas para ir ao
Palmeiras, o Figueira goleou o Corinthians por 4x2 e eu fiz uma partida
impecável, e o Palmeiras quis me contratar, o Corinthians também manifestou
interesse e o Figueirense quis renovar comigo, chegaram as propostas e o Palmeiras
estava na segunda divisão. Me chamaram de maluco quando optei em jogar pelo
Palmeiras na série B e não pelo Corinthians na série A. Sou palmeirense, amo
esse time e na hora de decidir o coração falou mais alto. O momento mais feliz
foi quando voltei com meu time de coração para a primeira divisão.
8) Você esteve perto de acertar com um gigante Europeu, o Olympique de
Marseille,o que aconteceu na negociação?
M:Fiquei uma semana na França, fui apresentado no clube e ainda tenho a
camisa que ganhei, fiz exames médicos e até dei entrevistas como jogador do
Olympique, um olheiro ligado ao empresário Juan Finger me indicou ,e houve o
interesse de me levarem para França. Porém o lado empresarial do futebol melou
o negócio, Juan e o presidente do clube conversaram e eu fiquei fora do clube.
Depois disso, houve um interesse do Mônaco em me contratar, na época o Ricardo
Gomes era o treinador. A negociação não foi fechada porque apresentei problemas
nos exames médicos, depois disso eu fui me tratar no Santos. Eu até brinco com
a minha esposa dizendo que não era mesmo para eu jogar na França rs.
9) Como experiente jogador de futebol, você já morou em vários lugares e
conheceu culturas novas, como você e a sua família lidaram com isso?
M: Minha esposa é maravilhosa, ela se adaptou rapidamente aos lugares
por onde passamos, sempre me deu muita força, principalmente nos últimos tempos,
onde passei por Avaí, Goiás, CRB e agora no Ituano, minhas filhas e minha
esposa sempre me ajudaram, se elas tivessem dificuldade em me apoiar, seria
muito difícil.
10) Que mensagem você deixa aos torcedores palmeirenses?
M: Torcedor, apoie o time, o Palmeiras é grande e não importa a divisão que ele esteja,
quando nós subimos a torcida foi fundamental para que isso acontecesse, por isso,
lotem os estádios e ajudem o time a colocar o Palmeiras no seu devido lugar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário